segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Eis que um dia os cinco sentidos resolveram fazer uma página na internet. Em verdade a idéia partiu dos olhos, idéia essa que rápido rasteiro foi aprovada pela boca que mais pensava do que falava. E assim se seguia; a sala voava, voava longe e as paredes, coitadinhas, estavam todas assustadas de tanto sentimentos a borbulhar. Era como uma corrida: a boca falava, o olho piscava, a boca abria, o olho fechava, a boca via, o olho gargalhava. Uma fagulhada de letras voando por toda a sala... o olho, o olho, o olho, o olho, a boca, a boca, a boca, a boca, o olho, a boca, a boca, o olho, o olho e a boca, o olho e o olho, a boca e a boca...silêncio...se o nariz estivesse presente talvez respirasse.
O tato? Hunf, o tato resolveu achar que sentir virtualmente era possível e assim deu seu pitaco na idéia. Estava ele, todo pomposo e com o perdão do trocadilho: Se sentindo. Não sabia o que tatear, suas novas luvas foram o deleite da tarde. O tato é alguém diferente, nem ele mesmo sabe o que é. Não se sabe cinco dedos ou cobra rasteira que precisa sempre se esfregar sentindo sempre a sensibilidade dos outros... Assim – Simples.
Hun? Como? Claro que ela não podia deixar de passar... Nesse dia a orelha estava com rinite, o que não significa que a orelha tenha problemas com o nariz, pelo contrário, tecem uma amizade agradabilíssima, às vezes desleal, porque se é a orelha que escuta qualquer flatular desagradável é o nariz que paga o pato, mas indiscutivelmente uma linda amizade.
E o nariz... o nariz tem asas.
...
O nariz nesse dia resolveu levar a sério o ditado popular, “Não meta o nariz onde não foi chamado”, não soube dessa bagunssagem toda, mas só não foi chamado porque a tarifa não anda tendo graça, diga-se de passagem.


Sentir

Dos cinco sentidos
sabe-se apenas o estar
não se sabe do olho
a janela pra se observar
o escuro e o claro
de lágrimas ambíguas
de lado e brilhantes
a te devorar
ressacar
capitular
na dúvida se realmente preferem olhar – sentindo.
Nem do tato
que no seco ou no molhado
no quente ou no frio
esta sempre a tatear
Sofrendo, ardendo, anoitecendo e amanhecendo
pêlo avesso – sentindo.
A boca que come
a boca que xinga
a boca que sorri
a boca que reza
a boca que nasceu paladar – sentindo.
O nariz, sempre centrado
metido – quando alto,
submisso – quando baixo
mas sempre centrado.
O nariz... la sensibilité à l'odeur – Sentindo.
E a orelha...
(vamos ficar todos em silêncio)
...
e a orelha coitadinha
que quase se desfaleceu pelo silêncio de não escutar.
A que tem a propriedade
de ser dupla:
Pra melhor te ouvir
ou para somente como um túnel funcionar
entrando de um lado e saindo do outro.
Mas sempre orelha, mansa ovelha, há pensar.
Dos cinco sentidos
sabe-se somente do amar
a tez de um viver
pra sempre, em qualquer idade
- amorozidade –
sentir, sem ti, sem sentido.

[postado por Lucas Pessoa]

8 comentários:

Lucas Pessoa disse...

acho que vai ser legal!

Unknown disse...

Blog lindu...adorei aquele poema sentir...lindu...
parabens pelo blog..
beijaoo..
LUCA...ti amo♥

Anônimo disse...

Paz... Todos esses sentidos me traz paz no coração... É muito lindo de se ver... O amor-amigo...
:~)

Felipe disse...

Digno.

Mariana Ferreira disse...

ainda estou sentindo...
intertextualidade!
saudade!
verdades....

isso.

Anônimo disse...

eita! que bom que mudaram pra cá!!!!
=)

adorei!
Bejus pros 5!

@twitteus_meus disse...

eh... faz sentido!!!

adorei o poema, a parte olfativa do poema!, adorei os simbolos, o cheiro azul do simbolo!, tudo lindo de se ver, ouvir, tocar, degustar!

abramos os nossos sentidos!

Unknown disse...

Sentidos...muitas vezes esquecemos que eles estão por ali...mas quando um resolve se manifestar, os outros nao ficam para trás.